Você já se perguntou por que a morte é um tabu se todos nós sabemos que se trata de uma consequência natural da vida?
Mesmo assim, esse é um tema que continua sendo pouco discutido na sociedade e as pessoas tendem a não se sentir preparadas para lidar com a dor do luto quando uma morte ocorre.
Este artigo tem como objetivo tentar elucidar por que a morte é um tabu e destacar a importância de desmistificar esse assunto.
O tabu da morte em números
Para se ter uma ideia do que o assunto representa em números, em 2018 o Sindicato dos Cemitérios e Crematórios Particulares do Brasil (Sincep) encomendou uma pesquisa inédita cujos resultados mostram a dificuldade dos brasileiros em lidar com a morte.
Com a pesquisa foi constatado que 74% dos brasileiros não costumam conversar sobre a morte e somente uma pequena parcela faz associação a sentimentos que não estão no campo da angústia, como aceitação (26%) e libertação (19%).
Por que a morte é um tabu
Segundo especialistas, foi no século XVIII que a perda de um ente querido passou a ser centrada na dor dos mais próximos. O luto, que antes era tido com mais naturalidade, se tornou algo mais exagerado.
Já no século XIX, quando a gravidade de uma doença passou a ser ocultada para poupar o sofrimento do doente, a morte começou a se tornar um tabu.
O avanço da medicina ajudou no prolongamento da vida e, dessa forma, mudou a representação social da morte.
O medo de morrer pode causar transtornos emocionais
O fato de a morte ser um tabu na sociedade tem total relação com o medo que muitas pessoas sentem de morrer. Confira 10 maneiras para superar o medo da morte.
E sem dúvidas, o medo da morte acaba afetando a saúde das pessoas em vida, se manifestando em transtornos emocionais que podem desencadear:
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Ansiedade generalizada: pensamentos negativos excessivamente presentes na rotina, inquietação e irritabilidade;
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Fobias: medo excessivo e irracional de pessoas, objetos, animais e situações;
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Ataques de pânico: provocados por um medo específico e podem se iniciar a qualquer momento, apresentando falta de ar, taquicardia e sensação de que está morrendo;
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Transtorno obsessivo compulsivo: associado a ideias e pensamentos constantes acompanhados ou não de obsessões, podendo se manifestar por meio de comportamentos repetitivos;
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Transtorno de estresse pós-traumático: relacionado a alguma situação que desencadeou trauma, abalando profundamente o emocional.
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Tanatofobia: fobia intensa ocasionada pelo medo extremo de morrer (Leia também O que é tanatofobia e como tratar);
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Quadros depressivos, distanciamento de ambientes como cemitérios, hospitais e funerais.
Apoio familiar e acompanhamento psicológico são fundamentais para a recuperação, caso seja identificado algum desses comportamentos.
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É preciso falar sobre morte com as crianças
Mais do que entender por que a morte é um tabu, vale também destacar que o tema tem início ainda na infância, quando os adultos acabam por poupar as crianças em relação ao assunto.
Entretanto, mesmo que a morte seja algo delicado, é preciso adequar a linguagem para a idade da criança e explicar que esta é parte do ciclo de todos os seres vivos.
Com naturalidade, é possível manter um diálogo saudável e explicar que a pessoa, animal ou plantinha não voltará.
Falar que a pessoa viajou para bem longe, por exemplo, cria falsas expectativas à criança, portanto, não é o recomendado. Leia também Como falar de morte com as crianças.
Falar sobre a morte também pode salvar vidas
Apesar de contraditório, é importante perceber que a morte de algumas pessoas pode salvar a vida de outras. A doação de órgãos é uma esperança para quem necessita de um recomeço.
No Brasil é possível doar os órgãos somente após a autorização da família. Por isso, todo interessado em ser doador precisa quebrar o tabu de falar sobre morte e comunicar aos familiares que deseja ter esse ato de amor no fim de sua vida.
Ainda tem dúvidas sobre por que a morte é um tabu ou quer saber mais sobre o assunto? Deixe seu comentário! Ficaremos felizes se pudermos ajudar!