É perfeitamente normal que haja certa resistência quando se trata de falar a respeito da morte. Esse tipo de atitude geralmente está relacionado a um temor bastante comum a todos os seres humanos: o medo do desconhecido.

A morte representa tudo aquilo que não sabemos. Exceto por definições advindas de alguma crença ou fé, não há sequer uma pista real de como seria “o outro lado da vida”. E tudo aquilo que o ser humano não conhece, tende a rejeitar ou temer. Ainda mais no caso da morte, quando não há como se ter confirmação de nada a respeito do que ocorre depois.

Tanatofobia: fobia da morte

Mas quando esse medo da morte passa dos limites, se torna uma patologia, intitulada tanatofobia. Para quem sofre com essa doença, a simples ideia de pensar na morte já gera muita dor e sofrimento, um pavor tão intenso que inclui até mesmo sintomas físicos, e que precisa ser devidamente tratado. Vamos saber como!

Diferença entre tanatofobia e medo da morte

Via de regra, a ideia da morte afeta a todos os seres humanos, indiscriminadamente. Para uns é tabu, para outros apenas parte de um processo evolutivo.

Mas independentemente de qualquer convicção a esse respeito, é imprescindível diferenciar quando a ideia de morrer incomoda simplesmente (como a maioria das pessoas) de quando há a presença de uma fobia, um terror subconsciente que gera sintomas físicos, atrapalha a rotina e a convivência natural em grupos sociais e familiares.

Grande parte do desconforto e das dificuldades em lidar com assuntos relativos à morte pode ter origem em tabus como, por exemplo, “não se pode falar de morte porque isso a atrai para si”.

Assim, cria-se um rótulo que impede que se trate de assuntos como velório, sepultamento, transferência de bens, doação de órgãos, etc, o que acaba postergando uma série de decisões importantes, que precisarão ser tomadas no momento do luto.

Embora desconfortável, é importante deixar previamente estabelecidas ao menos algumas decisões nesse sentido, a fim de facilitar que os familiares (ou quaisquer pessoas que venham a tomar as decisões) saibam com maior exatidão quais eram as preferências do falecido, podendo assim respeitar sua última vontade.

Nascemos e crescemos educados e treinados para buscar a felicidade na vida, e talvez seja essa a razão de haver tantas inseguranças geradas pelos tabus sociais que envolvem a morte. Não somos preparados ao longo da vida para lidar com toda essa carga emocional e psicológica.

Origem do nome

O termo “tanatofobia” vem do grego “Thanatos”, personagem da mitologia que representa a personificação da morte. Outros termos equivalentes advêm da mitologia romana, como “mors” ou “leto/ letum”, e dão origem a outros termos da língua portuguesa que se relacionam ao tema, como “morte” e “letal”, por exemplo.

A junção das palavras “Thanatos” (morte) e “fobia” (medo) forma o termo tanatofobia, que caracteriza as pessoas que padecem de um medo patológico da morte.

Contudo, há um verdadeiro abismo de diferenças entre ter medo da morte e a tanatofobia. Esta última é uma condição mais complexa, que pode trazer consigo sintomas físicos associados a crises de ansiedade e transtornos obsessivos, cujo gatilho pode ser simplesmente ouvir falar qualquer coisa relacionada à morte, ainda que em novelas ou filmes, por exemplo.

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Sintomas da tanatofobia

Alguns dos sinais mais comuns da tanatofobia envolvem:

Aspectos emocionais e psicológicos

Como o desejo incontrolável de fugir da situação que gera medo, hipocondria, pavores inexplicáveis relacionados à morte e pensamentos obsessivos e repetitivos.

Sintomas físicos

Como tontura, náusea, dor de estômago, sudorese intensa, boca seca, tremores, palpitações, ondas de calor e sensação de asfixia.

Manifestações dos sintomas

Esses sintomas normalmente se manifestam quando quem sofre desse transtorno tem algum contato com qualquer situação ligada à morte, desde conversas, ler ou pensar a respeito da morte (própria ou de outras pessoas), ver urnas funerárias ou cortejos fúnebres, etc.

Causas

Não há um consenso a respeito de causas específicas, tampouco da existência de alguma causa isolada que desencadeie a tanatofobia.

O que mais ocorrem são casos em que o indivíduo desenvolve esse transtorno por conta de experiências traumáticas que tenham alguma relação com a morte, o que faz com que ele relacione suas emoções mais negativas à ideia de morrer.

Outra origem bastante comum da tanatofobia pode ter suas raízes nos medos de outras pessoas, internalizados (ou herdados) pela convivência familiar, por exemplo.

Importância do diagnóstico

Como a tanatofobia pode ser facilmente confundida com outros transtornos como depressão, ansiedade ou mesmo bipolaridade, antes de fechar o diagnóstico é necessário descartar quaisquer outras condições clínicas similares.

Por isso, a participação do paciente no próprio diagnóstico é imprescindível, uma vez que somente quem sofre desse transtorno pode informar ao profissional quais são os gatilhos de cada um dos sintomas físicos.

Cabe ressaltar a importância do diagnóstico preciso para possibilitar que o tratamento seja realizado da forma correta.

Assim, ao sentir que pensamentos extremamente obscuros e o medo da morte afetam negativamente a sua vida, o ideal é procurar ajuda psicológica ou psiquiátrica, pois esses profissionais avaliarão suas condições de saúde e poderão indicar o tratamento mais adequado.

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Tratamento: terapia associada ou não a medicamentos

Após o devido diagnóstico, são variadas as possibilidades de tratamento, que normalmente envolvem a TCC – terapia cognitivo-comportamental – associada ou não ao uso de medicamentos.

O intuito do tratamento é começar a eliminar aos poucos os pensamentos negativos e possibilitar que o indivíduo lide com assuntos relacionados à morte de forma mais natural, favorecendo momentos de reflexão sobre a possível origem desses medos, a fim de compreendê-los mais a fundo e aprender a lidar melhor com eles.

Como lidar com o medo da morte

Como se trata de algo inevitável, o melhor modo de lidar com essa informação é focar no único momento que realmente nos pertence: o hoje, o agora, e viver da forma mais plena possível, a fim de que tenhamos menos motivos para aflições ou arrependimentos. Estudos apontam inclusive que pessoas mais felizes e realizadas na vida possuem menos medo de morrer.

Não é fácil perder um familiar, e quase ninguém lida bem com isso. Para muitos, a fé ajuda a estruturar as emoções e recuperar o autoequilíbrio, por possibilitar que se enxergue a morte como apenas uma fase de um plano e de um tempo maior, seja relacionado à vida eterna, encarnação ou qualquer outro dogma.

Mas se o seu caso for, de fato, um pavor irracional aparentemente incontrolável, e começar a apresentar sintomas físicos associados a esse medo extremo de morrer, então a melhor opção é buscar ajuda profissional, para que, com o tratamento adequado e aos poucos, sua vida possa voltar ao normal.

Quer saber mais ou ficou com alguma dúvida sobre tanatofobia? Deixe seu comentário. Será um prazer se pudermos ajudar!