Muito se ouve sobre a possibilidade de salvar vidas com a doação de órgãos, mas você sabe como proceder?

A doação de órgãos no Brasil é regulamentada pela lei 9.434 de 4 de fevereiro de 1997 e dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins terapêuticos ou transplantes.

Mesmo que atenda a vontade expressa da pessoa antes do falecimento, a doação de órgãos só pode acontecer mediante autorização do cônjuge ou de parente até segundo grau, uma vez que seja maior de idade.

Contudo, nem sempre as famílias permitem a doação, devido à religião, falta de conhecimento a respeito do processo ou alguma crença.

Então, continue a leitura para saber mais a respeito e participar dessa ação benevolente.

Cresce o número de doadores

O Brasil é o 2º país no mundo a realizar transplantes, ficando atrás somente dos Estados Unidos. Estima-se que em 2011 mais de 10 milhões de pessoas tenham sido doadoras. De acordo com a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), em 2018 o número de doadores chegou a 17 milhões.

Porém, esses números ainda estão abaixo do necessário, já que os pacientes na fila de espera ultrapassam os 46 mil.

Para aumentar a quantidade dessas ações, o Ministério da Saúde em conjunto com os governos estaduais e municipais, centrais de transplantes e profissionais da saúde devem atuar vigorosamente através de campanhas ao longo dos anos.

O intuito é encorajar e também orientar as pessoas sobre a importância da doação de órgãos. Desse modo, os parentes podem discutir o tema para autorizar a transferência.

Anualmente, mais de 2.800 pessoas falecem à espera de um transplante. Segundo a ABTO, das entrevistas feitas com os parentes dos falecidos, 43% destes recusam-se a dar autorização para doação de órgãos. Isso acontece, por razões como:

  • Desconhecimento;

  • Tabus e falta de informação do que é na prática;

  • Crenças religiosas;

  • Ausência de concordância dos familiares;

  • Situações criadas por suposições e imaginário popular;

  • Tráfico de órgãos;

  • Desfiguração do corpo.

E ainda existem aqueles que acreditam na possibilidade da pessoa voltar à vida, mesmo após a morte encefálica.

Artigos Relacionados

Como a doação de órgãos funciona?

Qualquer pessoa que teve morte encefálica é considerada candidata à doação de órgãos, porque teve parada das funções do cérebro de maneira completa e irreversível, como o tronco cerebral e os corticais.

Para confirmar a morte, exames de angiografia cerebral e eletroencefalograma são realizados. Normalmente, pessoas que sofreram traumatismo craniano e acidentes vasculares costumam ter esse diagnóstico.

Todavia, o coração continua a bater e irrigar sangue para o restante dos órgãos, através de aparelhos. Nesse intervalo, é necessário conversar com os parentes para receber a autorização, e dessa maneira a Central de Transplantes é notificada.

A seguir, veja quais são os órgãos passíveis de doação para transplante.

Coração

O transplante do coração só acontece quando a morte encefálica é constatada em um doador falecido. Já a cirurgia é recomendada para pacientes que possuem insuficiência cardíaca e já tentaram tratamentos diversos ou que já tenham sido submetidos a cirurgia com resultado insatisfatório.

Válvulas cardíacas

É recomendado para indivíduos com doenças da válvula do coração, mas que não podem ser submetidos ao transplante do coração. Nesses casos, apenas é possível realizar a troca da válvula, que retorna a operar por anos.

Fígado

Como o fígado é o único órgão capaz de regenerar-se, até mesmo doadores vivos podem ceder parte desse órgão. Normalmente, esse transplante é feito em casos de cirrose hepática.

Pulmão

O transplante é realizado em pacientes que possuem doença pulmonar grave, tais como: fibrose cística, pulmonar e enfisema. A depender do caso, há possibilidade da concessão de parte do pulmão por um doador vivo, porém, nessa situação, o receptor irá precisar de dois doadores.

Ossos

Comumente usados em implantes dentários, transplantes para próteses e lesões da coluna. Os ossos doados são mantidos por um longo tempo em um banco.

Medula óssea

Responsável por produzir os componentes do sangue, o transplante da medula óssea é destinado à cura de doenças que afetam as células, como por exemplo, a leucemia. É a única doença que mantém um banco de doadores em que são permitidas gestantes e crianças.

Rins

Os rins também podem ser doados ainda em vida. Geralmente as pessoas que recebem esse transplante sofrem de insuficiência renal crônica, diabetes e hipertensão.

Pâncreas

É realizado apenas com doadores falecidos e juntamente com o transplante de rim. É destinado a pessoas diabéticas e com problemas renais, já que o órgão atua na digestão alimentar e na produção de insulina.

Córneas

A doação só pode ser feita por pessoas falecidas, de dois a oitenta anos. O transplante é recomendado para doenças como distrofia do endotélio e ceratocone, que afetam o órgão controlador da passagem de luz para a retina, a córnea.

Pele

Nesse caso, a doação pode ser realizada por pessoas vivas (partes da pele retirada em cirurgias de fins estéticos) ou falecidas. Sendo utilizada em pessoas que sofrem de alguma doença dermatológica severa ou que sofreram grandes queimaduras.

Após autorização expressa da família, o Sistema Estadual da Secretaria da Saúde realiza a distribuição conforme a compatibilidade dos pacientes que aguardam pelos órgãos nos hospitais (públicos e privados). Um sistema tecnológico compara as informações da fila de espera, com o intuito de encaminhar o paciente ao transplante.

Receba conteúdo em seu email - Orsola

Quem pode ser doador

Existem três tipos de doadores:

  • Pessoa falecida em que o coração não bate mais: doa tecidos (córnea, tendões e válvula cardíaca);

  • Doador com morte cerebral: doa pâncreas, rins, intestino, fígado, pulmões e coração;

  • Pessoas vivas: com consentimento, podem conceder um dos rins, parte do pulmão e do fígado, além da medula.

Como ser um doador

Em primeiro lugar, é necessário conversar com a família para debater o assunto e expressar o desejo de ser um doador de órgãos, explicando os seus motivos. É preciso fazer isso, pois se os familiares não concordarem, a Central de Transplante não pode retirar os órgãos. Quando a pessoa é um potencial doador e os seus órgãos não são doados, pode ocasionar a morte de outras pessoas.

Caso a pessoa esteja viva, há possibilidade de se oferecer como doadora para um parente de até quarto grau, desde que esteja bem de saúde, que o órgão seja duplo e que haja um laudo médico mostrando que o doente precisa de um transplante.

Caso não haja parentesco, é preciso manifestar a intenção de maneira oficial para obter autorização judicial. Doador e receptor atuam de forma gratuita, ou seja, a doação não é comercializada.

A doação de órgãos é de suma importância para pacientes que se encontram na fila de espera, já que pode melhorar a qualidade de vida e principalmente prolongá-la. Um doador pode salvar até 10 vidas. Esse é um gesto de solidariedade e amor, que nos proporciona uma sociedade mais humanizada.

Ficou com dúvidas ou quer saber mais sobre doação de órgãos? Deixe seu comentário! E se o conteúdo foi útil para você, compartilhe para esclarecer e inspirar mais pessoas a participarem desse ato de solidariedade.