Desde que o mundo é mundo, cada vez que alguém falece, há toda uma cultura de rituais a serem seguidos. Dentre esses rituais, um dos mais antigos é o enterro, praticado até hoje em grande parte do mundo.

Segundo consta, a origem do hábito de enterrar os falecidos é uma das mais antigas e remonta à Idade Média. O fato é que, mesmo havendo diversas maneiras de lidar com o luto, as práticas mais tradicionais ainda são o velório seguido de enterro. E é precisamente este último que detalharemos a seguir.

 

Origem do hábito

Apesar de terem sido feitos vários estudos a respeito, infelizmente não há um registro muito preciso sobre a origem do hábito de enterrar os mortos. No entanto, essas pesquisas já levaram à descoberta de cemitérios cuja existência estimada é de 6000 A.C, o que confirma se tratar de uma preocupação bastante antiga da humanidade.

Acredita-se que a ideia de enterrar pessoas e animais se deva a uma constatação bastante simples: evitar que os corpos ao ar livre atraíssem animais. Há pesquisadores que atribuem esse hábito ao ponto no tempo em que o homo sapiens desenvolveu sua mentalidade e passou a pensar na morte, o que nos levaria a situar isso aproximadamente há 10 mil anos.

Evolução do ritual

Ao longo do tempo, os hábitos de enterro foram evoluindo. O que antes era pura e simplesmente uma tarefa com o objetivo de dificultar o acesso de predadores aos corpos, hoje toma proporções e significados completamente diferentes, conforme a cultura e sociedade que os utilizam.

Ainda segundo os pesquisadores, outro hábito que parece advir da mesma época é o de homenagear o falecido. Junto a vários corpos, descobertos em cemitérios da Idade Média, havia chifres de animais, o que indica a existência de rituais de homenagem já àquela época. Leia também O que é homenagem póstuma e como fazê-la.

Com o tempo, esse formato mudou, e então as pessoas consideradas mais influentes da sociedade faziam jus ao sepultamento nas igrejas – hábito que persistiu no Brasil até os anos 1920. Uma curiosidade é que, com a construção dos primeiros cemitérios, inicialmente, apenas escravos e indígenas eram enterrados.

Na atualidade, entretanto, nem a denominação permanece a mesma. Além de rituais e procedimentos novos – como a cremação, por exemplo – que podem inclusive substituir os enterros, usa-se como termo mais adequado a palavra “sepultamento”, que se define como “o ato de colocar o corpo do falecido em uma sepultura”.

Sepultamento dentro de igrejas: tradição europeia

O hábito de sepultar nas igrejas era bastante comum na Europa, porém, com a chegada da Peste Negra no século XIV, esse hábito precisou ser modificado, uma vez que essa doença matou cerca de um terço da população, e não havia, portanto, espaço ou igrejas suficientes para sepultar tantas pessoas.

Partindo dessa necessidade, surgiram os cemitérios.

Receba conteúdo em seu email - Orsola

Diferença entre sepultamento e enterro

Como as leis brasileiras proíbem enterros que não sejam feitos em um cemitério, é comum que muitas pessoas acreditem que ambos os termos possuem o mesmo significado. Contudo, a realidade não é bem essa.

Enterrar alguém consiste no simples ato de colocar um indivíduo numa cova. Já o sepultamento, como o nome diz, envolve todo um procedimento (o falecido é colocado em uma urna, que, após o velório, será conduzida a um cemitério) até que o corpo chegue a seu destino final, a sepultura.

Dessa forma, é imprescindível conhecer a diferença entre termos como esses para não acabar tendo imprevistos, em especial os relacionados a esses momentos que, por si só, já são suficientemente difíceis.

 

Preparo antes do enterro

Antes de um corpo chegar para o velório, é preciso prepará-lo para que seja velado.

Via de regra, é feita uma higienização, utilizando produtos específicos para isso e, posteriormente, a técnica escolhida para conservação do corpo, como a tanatopraxia, por exemplo, se houver necessidade de se percorrer longas distâncias para cerimônia fúnebre. Leia também O que é translado no setor funerário?

Documentos necessários

O primeiro documento necessário para que alguém possa ser enterrado é a certidão de óbito. Para emiti-la, é exigido que o solicitante da certidão apresente os próprios documentos pessoais, bem como os documentos relacionados ao falecido: o laudo do hospital (ou do legista) e os documentos pessoais do falecido – RG, CPF, Título de Eleitor, Certidão de Nascimento, Certidão de Casamento e Certificado de Reservista.

Só de posse da certidão de óbito, então se pode dar entrada nos trâmites para que o enterro possa ser realizado, assim como a contratação de serviços funerários.

Artigos Relacionados

Tempo mínimo de velório

A principal razão para se recomendar um tempo mínimo de velório vem desde a descoberta de uma doença, a catalepsia patológica, um problema raro de saúde que reduz os sinais vitais ao ponto de parecer que a pessoa está morta. Hoje em dia, a catalepsia já é mais facilmente diagnosticável.

Essa é uma das principais razões pelas quais a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa recomenda que o tempo máximo para que alguém seja enterrado é de vinte e quatro horas. Havendo necessidade de ultrapassar esse tempo, será preciso utilizar técnicas de conservação no corpo.

Em alguns casos, há também religiões que acreditam que o espírito ainda permanece por vinte e quatro horas vinculado ao corpo e, por isso, se deve aguardar esse tempo antes de proceder ao enterro.

Uma questão de saúde pública

Segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS, o sepultamento só é obrigatório quando o óbito se deu por alguma doença infecciosa.

Apesar de tudo, no Brasil, as razões que levam as pessoas a enterrarem seus familiares estão mais ligadas a questões emocionais, como dar um fim digno a eles, ou mesmo ter um local para visitar e poder vivenciar o luto.

Atualmente, muitos cemitérios investem em estrutura e paisagismo, possuem capela e salas para a realização de velórios, visando oferecer um pouco mais de conforto a quem precisa lidar com a dor da perda.

Cremação: uma alternativa ao enterro?

Atualmente, os brasileiros têm procurado mais por serviços de cremação e há todo um apelo a favor desse método, em especial porque, além de ser menos danoso ao meio ambiente, existe a simbologia de usar o calor do fogo para reduzir o corpo a cinzas. Além disso, a família pode ainda optar por jogar as cinzas em algum lugar simbólico ou guardar a urna dentro de casa, por exemplo.

O que pouca gente sabe é que a cremação não necessariamente precisa excluir a ideia do enterro ou sepultamento. Assim, quem prefere ter um local para vivenciar adequadamente seu luto, pode optar por enterrar a urna, dando normalmente ao falecido um túmulo.

Além disso, o crescimento pela procura de cremações se deve também à queda nos custos, que hoje, em alguns locais, já chegam a ser menores que os de um enterro comum, o que viabiliza financeiramente essa opção para muitas famílias que antes não poderiam arcar com as despesas de um procedimento como esses. Leia também Ser cremado: o que fazer para que sua vontade seja realizada.

Quer saber mais ou ficou com alguma dúvida sobre esse ritual? Deixe seu comentário. Ficaremos satisfeitos se pudermos ajudar!