Pérola Byington no edifício da Cruzada Pró-Infância em São Paulo, em 1959 — Foto: Fundação Romi

Pérola Byington foi uma mulher notável. Era professora, filantropa e ativista social da área da saúde. E, para nosso orgulho, uma barbarense. Seu espírito de filantropia genuíno era revolucionário para sua época. Conheça um pouco da história dessa conterrânea que dedicou sua vida ao ato de ajudar o próximo e buscou meios de conquistar igualdade de direitos entre homens e mulheres.

 

Filha de imigrantes

Pérola nasceu Pearl Ellis McIntyre, em 1879, mais precisamente na Fazenda Barrocão. Era filha de Mary Elisabeth Ellis e Robert Dickson McIntyre, imigrantes norte-americanos que vieram para o Brasil depois da Guerra de Secessão (1861-1865).

 Iniciou os estudos em Piracicaba. Aos catorze anos, completou os preparatórios para a Escola Normal. Porém, como não tinha a idade mínima necessária para a inscrição – que era de 16 anos –  não pode matricular-se. Recebeu, então, aulas particulares em uma escola masculina, atrás de um biombo para não atrapalhar o professor e somente em 1899 obteve o diploma de professora.

Fez ainda os preparatórios no Curso Anexo da Academia de Direito de São Paulo, no entanto, os acadêmicos foram desfavoráveis à abertura do curso ao sexo feminino e Pérola não foi aprovada no exame de geografia.

 

Casamento

Em 1901, casou-se com outro membro da colônia confederada no estado de São Paulo e um dos pioneiros da indústria brasileira, Alberto Jackson Byington, com quem teve dois filhos, Alberto e Elizabeth. Em 1912 o casal partiu para os Estados Unidos, para que os filhos pudessem estudar e, devido à Primeira Guerra Mundial, a família não pode voltar ao Brasil. Pérola Byington passou, então, a colaborar com a Cruz Vermelha americana captando recursos.

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Cruzada Pró-Infância

Quando retornou ao Brasil, na década de 1920, a cidade de São Paulo estava em pleno desenvolvimento econômico e social e percebendo os contrastes da população, iniciou seus trabalhos sociais na Cruz Vermelha, tornando-se diretora nacional. Em 1930, com a educadora sanitária Maria Antonieta de Castro, funda a Cruzada Pró-Infância, em São Paulo, entidade voltada ao combate da mortalidade infantil, baseada na Convenção Internacional Sobre os Direitos da Criança. Foi eleita diretora geral e permaneceu no cargo por 33 anos.

Programas da entidade

Entre as ações da entidade, buscava junto aos poderes públicos a concretização para a obtenção de leis favoráveis à gestante e à criança, além de serviços de clínica geral, higiene infantil, pré-natal, fisioterapia, dietética e odontologia.

 

Assistência à maternidade e à infância

Pérola Byington via a maternidade como função social do estado e defendia a assistência à mãe solteira como uma forma de enfrentamento dos problemas sociais, desta forma batalhou pela criação de uma casa para abrigar mães solteiras – que eram discriminadas, na época – e casadas sem apoio familiar e, consequentemente, projetos infantis com a implantação de serviços de psicologia.

 Em 1959, inaugurou Hospital e Maternidade da Cruzada Pró-Infância que, além de atender a população, oferecia cursos para estagiários acadêmicos.

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Rede de solidariedade

Com seu grupo, conseguiu constituir uma rede de solidariedade, na qual profissionais famosos atuavam como voluntários no Ambulatório Central e outros atendiam em domicílio, gratuitamente. Laboratórios realizavam exames sem cobrar e farmácias doavam medicamentos. Pérola Byington também foi pioneira na divulgação das causas da alta mortalidade no parto e pós-parto e persistiu na institucionalização do Dia da Criança – não como uma data comercial – por acreditar que esta seria uma forma de chamar a atenção sobre os problemas da infância.

 

Diversas homenagens

Lutou pelo direito de voto da mulher, sendo a primeira que levou a público um projeto sobre a necessidade da educação sexual nas escolas. Além disso, colaborou também para ajudar na eleição de Carlota Pereira de Queiroz, médica paulistana e primeira mulher eleita deputada federal no Brasil, em 1934.

 Sua atuação em prol da assistência à infância rendeu diversas homenagens. Em 1947 recebeu o título de Membro Honorário da Sociedade Brasileira de Pediatria. Até a ocasião, a única não pediatra a recebê-lo. Também em sua homenagem, Santa Bárbara d’Oeste possui uma avenida  com seu nome.

 

Pérola Byington com os bisnetos

Pérola Byington com os bisnetos, nos Estados Unidos: última viagem da vida — Foto: Arquivo pessoal

 

Última viagem

Pérola desejava muito visitar seus netos e conhecer seus bisnetos, que moravam nos Estados Unidos. Em 1963, reuniu em sua casa amigos e colaboradores para despedir-se.

 Em sua última carta, datada de 26 de outubro, escreveu para contar que sentia-se muito feliz e que estava a caminho de Nova York. No entanto, lá sofreu uma queda, foi operada, mas veio a falecer no dia 06 de novembro de 1963.

Hospital Pérola Byington

Hospital passou a levar o nome de Pérola Byington após a morte da barbarense — Foto: Du Amorim (G1)

 

 No mesmo ano do falecimento, o hospital adotou o seu nome. Hoje ele é administrado pela Secretaria Estadual da Saúde e é referência na Saúde da Mulher e no atendimento à mulheres e crianças que sofreram abusos sexuais.

Seu último registro fotográfico foi com os bisnetos, que hoje trabalham na NASA. Um deles, inclusive, supervisionou e dirigiu, em 1997, a primeira missão a Marte. Pérola também é bisavó da atriz Bianca Byington e da cantora Olivia Byington, mãe do humorista Gregório Duvivier.