Conhecido por sediar anualmente, no mês de abril, a festa dos Confederados, o Cemitério dos Americanos faz parte da história de Santa Bárbara d’Oeste, cidade da Funerária Araújo – Orsola. O local mantém viva a memória dos ancestrais americanos que aqui se estabeleceram no século XIX.
Para conhecer a origem desse local, que hoje é um dos pontos turísticos de nossa cidade, é necessário relembrar um pouco a história dos Estados Unidos, mais especificamente a Guerra da Secessão.
Guerra da Secessão
A Guerra da Secessão, que teve início em 12 de abril de 1861 e terminou quatro anos depois, em 09 de abril de 1865, devastou totalmente os estados sulistas dos EUA., matando, adoecendo e desabilitando, devido aos ferimentos de batalha, cerca de 30% dos homens em idade economicamente ativa. Essa devastação levou o povo à miséria, gerando uma onda de roubos e violência.
Vantagens no Brasil
Paralelamente ao conflito, em 1865, o governo brasileiro abriu em Nova York um escritório de imigração, oferecendo inúmeras vantagens aos norte-americanos que desejassem emigrar para o Brasil, fato que culminou na vinda de, aproximadamente, 10.000 imigrantes ao nosso país.
Sucesso na lavoura
Em 16 de fevereiro de 1866, o Coronel William Hutchinson Norris (que era senador e advogado) e seu filho Dr. Robert Cícero Norris vieram tentar a sorte no Brasil e chegaram à região de Santa Bárbara d’ Oeste (SP). Compraram a fazenda Machadinho e começaram o cultivo da lavoura. Após o sucesso da primeira colheita, Norris enviou uma carta à sua família – que havia ficado no Alabama – para que viesse ao Brasil e convidasse amigos, vizinhos e familiares para emigrarem também.
Villa Americana
Assim, entre 1866 e 1890, o número de famílias da colônia de Santa Bárbara aumentou significativamente, e a região acabou ficando conhecida como Villa dos Americanos.
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Primeiros túmulos
Em 13 de julho de 1867, Beatrice Oliver, esposa do Coronel Asa Thompson Oliver, falece fatigada pela viagem e pela guerra. Seguindo os costumes sulistas, Oliver a enterra na fazenda que comprou nas terras do município, que se estendia até a mata no local. Pouco tempo depois, suas filhas Inglianna e Mildredd falecem, vítimas da tuberculose, e são enterradas ao lado da mãe.
Os cemitérios pertenciam à igreja católica, e não à municipalidade como atualmente. Na época, também faleceu uma criança, o pequeno Henry Bankston. No entanto, sua família não obteve permissão para sepultá-lo no cemitério da vila pelo fato de não ser batizado. Desta forma, à medida que outros imigrantes faleciam, por não serem católicos, eram enterrados nas terras de Oliver, que destinou um hectare para o sepultamento da comunidade americana.
Construção da capela
O cemitério do Campo, como também é chamado, também conta com uma capela. Esta foi construída em 1871, atendendo às denominações protestantes, mas como seu solo era instável, teve de ser reconstruída em 1903 e 1962.
É contado que todos se reuniam um domingo por mês na capela do cemitério para ouvir o evangelho, depois pagar referências para os que já haviam partido para a pátria celestial e confraternizar com os outros imigrantes.
Localização
O Cemitério do Campo fica a 16 quilômetros de Santa Bárbara, na zona rural, cercado por lavouras de cana-de-açúcar. Em 1954, a Fraternidade Descendência Americana foi constituída para mantê-lo e, anos depois, recebeu a doação legal do terreno.
Os descendentes
Hoje, os descendentes dos Confederados se mantêm muito ativos na Fraternidade, inclusive, conseguiram fundar e manter o Museu da Imigração em Santa Bárbara d’Oeste com o apoio das autoridades municipais.
Festa Confederada
A Festa Confederada é um dos mais esperados eventos culturais de Santa Bárbara d’Oeste, e o único do município incluído no calendário oficial do Estado de São Paulo. O evento tem como finalidade a aproximação dos descendentes, familiares e amigos, e também a angariação de fundos para preservar o Cemitério e suas dependências.
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