Dizem que a única certeza dessa vida é a morte. Contudo, por mais previsível que possa parecer, ninguém está preparado para momentos como esses. As lembranças, a ausência e a árdua tarefa de cuidar de toda uma burocracia que envolve desde a documentação até os bens do familiar que, infelizmente, agora já não faz mais parte do convívio cotidiano. Como seguir em frente, se tudo ao redor lembra quem se foi?

O fato é que, aos poucos, será necessário pensar no que fazer com os pertences de quem faleceu. Porém, antes é necessário esclarecer: este é um processo tão pessoal e gradativo quanto o próprio luto, no qual cada indivíduo possui seu tempo de autorrecomposição.

Não existe receita pronta para o processo do luto

A verdade é que não há uma única forma, tampouco uma receita pronta para se lidar com o sofrimento que o luto traz. Da mesma forma, esse sofrimento é agravado ainda mais quando se tem a necessidade – e por vezes o dever – de decidir o que fazer com os pertences de um familiar ou amigo falecido.

A dor da perda traz consigo questionamentos para os quais provavelmente ninguém jamais terá respostas:

“E agora? Como seguir em frente sem ele(a)?”

“Será que algum dia essa dor vai passar?”

“O que eu faço com tudo isso que ele deixou?”

Embora não pareça, esse tipo de dúvida vem à cabeça de mais gente do que se imagina, e quem quer que tente dar respostas prontas a questionamentos como esses, provavelmente, acabará utilizando clichês.

Receba conteúdo em seu email - Orsola

Como lidar com os pertences de quem faleceu?

Sabendo quão difíceis podem ser esses momentos e que não há soluções prontas para superar a perda de um ente querido, separamos algumas dicas sobre como lidar de uma forma menos dolorosa de se tomar decisões a respeito dos pertences de quem se foi.

1. Respeite seu tempo de cura emocional

Se todos passamos por fases na vida, por que em relação ao luto seria diferente?

É preciso respeitar o momento interno de cada um. Pular etapas e partir diretamente para a divisão ou doação dos pertences de quem se foi pode ser uma ferida emocional a mais no coração que já está seriamente machucado. Além disso, na tentativa de reduzir o mais rápido possível o sentimento de ausência, pode-se acabar causando uma sensação de perda ainda maior.

O recomendado é aguardar alguns dias, respeitar o próprio tempo de cura emocional e, se possível, lidar com esse tipo de providência quando estiver com a cabeça um pouco mais fria.

2. Peça ajuda para a tarefa

Lidar sozinho com o luto raramente é a melhor decisão. Por isso, no momento em que resolver lidar com os pertences de um ente querido que partiu, pense em alguém confiável – de preferência um familiar ou amigo – que compreenda a situação e possa ajudar com essa tarefa.

Lembre-se de que as emoções, os sentimentos de dor e pesar pela perda podem retornar no momento em que houver novamente o contato com fotos, objetos, roupas e todos os pertences de quem faleceu. Nessas horas, é bom ter por perto alguém que seja capaz de respeitar isso e, ao mesmo tempo, auxiliar a pensar com mais clareza o melhor destino para cada um desses pertences.

Artigos Relacionados

3. Ajude a quem precisa

O reaproveitamento de objetos e pertences pessoais de alguém falecido se assemelha, em parte, a uma doação de órgãos: afinal, aquilo que para seu ente querido já não serve mais, pode ser vital, ou ao menos de grande utilidade para outras pessoas.

Há inúmeras formas de se fazer esse reaproveitamento. Verifique qual a opção que você considera mais confortável para desfazer-se de itens como roupas de cama, objetos pessoais, roupas, calçados e outras peças que estejam em bom estado de conservação. Pode ser que haja alguém precisando, mais perto do que você imagina.

4. Guarde algumas memórias

Pode-se ainda montar uma caixinha de memórias e guardar nela itens menores como frascos de perfume, lenços, fotos, joias e bijuterias ou mesmo cartas, bilhetes ou algum livro que a pessoa gostava. Assim, além de ser uma bonita homenagem, quando a saudade bater, essa simples caixinha se tornará a fonte das lembranças mais doces da pessoa que se foi.

O tamanho ou o material da caixa de memórias não são importantes, e podem variar conforme os itens a serem guardados. O importante mesmo é o carinho da homenagem e a leveza da lembrança capaz de amenizar a saudade.

5. Busque formas de preencher o vazio no coração e no espaço

Como já se sabe, cada um lida com a dor da perda a seu próprio modo. Algumas pessoas precisam se sentir úteis para manterem a cabeça ocupada e não sucumbirem à dor. Elas sentem que, se tomarem as providências e cuidarem de todo o necessário – aquelas decisões que normalmente ninguém tem muita estrutura para tomar – seu processo de aceitação e superação da perda será menos doloroso.

Pode ser uma boa alternativa deixar que esse tipo de pessoa decida o que fazer a respeito do espaço em que o falecido residia – quer seja um imóvel inteiro ou apenas um cômodo da casa, como o quarto, por exemplo.

E já que será necessário dar uma outra utilidade a esse espaço físico, por que não o tornar um ambiente que trará boas vibrações e alegria, enfim, algo que preencha um pouco do vazio presente no coração e na mente?

Que tal montar uma sala de música, um escritório ou mesmo o quartinho de brinquedos das crianças, transformando assim o ambiente em algo novamente útil, aconchegante? Obviamente, o espaço se tornará uma fonte de boas lembranças e esperança de felicidade.

Você tem alguma dica sobre como lidar com os pertences de quem faleceu que não tenha sido mencionada neste artigo? Compartilhe com a gente deixando seu comentário. Desta maneira, poderá ajudar outras pessoas que estejam passando pelo luto.